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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

dos ventos que varrem e nos levam.


Armazeno você num parágrafo, pra rabiscar mais tarde. 
Apagar mais tarde. Quando já for muito tarde. 
Muito tarde e adiável.
(Priscila Nicolielo)

Era mais do que apenas outubro. Era melancolia, era choro que não se chora, risada que não se ri e sorriso que não se abre.
Era mais e ao mesmo tempo tão menos. Pequeno.

Era ainda assim frio e quente, do dia pra noite, da manhã para a tarde.
As calçadas e ruas implorando para nos perdermos, para nos encontrarmos, para nos procurarmos. O chão implorando por um dente quebrado, por um joelho ralado, por um tombo debochado. Até a vizinha implorava por um chiclete no seu pátio para ter do que reclamar.
O problema desses dias sem sentido, sem nada, sem vento, sem sentimento, é a vontade que da de fazer tudo e não conseguir fazer nada. Porque o céu cinza choroso grita mais alto, chama mais forte, implora para te arrastar por ai, para te carregar junto com as folhas, para te varrer como varre a poeira da estrada.
Estranhamente aconchegante.
Se por um lado ele é triste, frio e amargo, por outro, ser levado por ai pode ser algo bom. Pode ser algo que gera uma mudança, pode ser algo doce e sorridente, de céu azul e sol quentinho, desses de ficar atirado na grama com o cachorro.
Cada um de nós tem todos os céus, ventos e sol dentro de si. Cabe a nós sabermos o que queremos e precisamos no momento.

E o meu outubro? Gélido, pálido, com gostinho de floco de neve. Vento que varre e me leva, me saltita por ai, levanta, rola e enrola, me sinto uma pipa.
Pra onde ele leva? Só novembro dirá.

 

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