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domingo, 29 de julho de 2012

Sonhos só passam de nível


Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo...


Lembra mãe, de quando eu era nova e meu sonho não passava de conseguir descascar a laranja inteira de uma vez só? Lembra que eu tinha perninhas curtas, cabelinho comprido, olhos gigantes e coração valente? Lembra como eu estava sempre embarrada e esfolada? Lembra de como eu sonhava em ter duas profissões?
É, eu cresci. Porém minhas pernas continuam curtas e meu cabelo continua comprido. Coração, valente que só. É mãe, agora eu sei descascar a laranja toda de uma vez só, sei também o resultado de uma porção de contas de cabeça e também aquelas regras gramaticais que tu tanto tentou me fazer entender.
Pois é mãe, a menininha do coração valente saiu de casa, os sonhos e a cabeça evoluíram, as manias estão cada vez piores e, acredite mãe, sinto uma falta enorme do teu cafuné, tão enorme que os finais de semana não tem sido suficientes pra matá-la.
Apesar da evolução, os sonhos não mudaram, não gosto de pensar assim. Gosto de pensar que os sonhos evoluem.
Antes eu cavava o chão, achava pedras e sonhava que, quando fosse uma paleontóloga, iria descobrir fósseis raríssimos de dinossauros e descobriria tudo sobre eles. Sonhava com a partida de futebol perfeita, no meio daquela chuva deliciosa e com todo o barro possível. Sonhava com aviões que falavam, com espadas de poder e que eu andaria em um thundertank.
Hoje, meus sonhos são mais fortes, passaram pra níveis mais altos, antes o que era só areia agora já é castelinho e, se depender da minha vontade, só tende a evoluir mais. Os objetivos, são mais trabalhados e a vida vai se tornando uma aventura incrível.
Apesar de tudo, sinto falta daquela vibração de ser criança. Sinto falta de dar dor de cabeça na hora de ir pro banho, de comer, de entrar em casa, e não na hora de pagar a mensalidade da faculdade.
Sinto falta do sol iluminando o caminho com pedrinhas de brilhante. Sinto falta de chorar porque o dedo do pé tinha perdido a tampa no cordão da calçada.
Faz falta achar que o mundo era algo tão lindo. Que as pessoas se ajudavam, que ninguém conseguiria matar aquela borboleta azul.

É mãe, mal sabia eu que matam coisas bem mais lindas que borboletas azuis.

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E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda a nossa vida e depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá... (Toquinho - Aquarela)


 

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